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Bürger dieser Welt


Ricardo PeixotoDie künstlerische Fotografie befindet sich im Staat Paraíba derzeit in einer überaus aktiven Phase. Die in dieser Sparte tätigen Künstler zeichnen sich durch ein breit gefächertes Spektrum an Werken aus, durch die sie zunehmend engagiert Position beziehen. Diese Bewegung gibt unseren Künstlern die Gelegenheit, in Brasilien und international bekannt zu werden.

Im Lauf ihrer Geschichte gelang es der Fotografie, eine formale Sprache herauszubilden, die den aktuellen Entwicklungen am Mediensektor ideal entspricht. Sie erfüllt eine Funktion zum Transport von oftmals beunruhigenden Denkanstößen, Fragestellungen und spezifisch anderen Ausdrucksweisen, sie sondiert die Wirklichkeit und schafft Bewußtsein und Einsicht.

Indem heutzutage Bilder mehr denn je zuvor notwendige Elemente in der Konstituierung von Erinnerung sind, stellen sie eine der Formen der Schaffung von akkumuliertem menschlichem Wissen über die eigene Natur und das menschliche Verhalten dar, das davon bestimmt ist, wie der Mensch seine Zeitlichkeit und chronologische Abläufe erfährt und organisiert. So wird sie zum dauerhaften Zeugnis unserer eigenen Existenz.

Im November 1998 startete die Agentur Ensaio eine wichtige Kampagne für die Nationale Bewegung zum Schutz der Straßenkinder. Das Projekt BÜRGER DER WELT ist als eine Wanderausstellung konzipiert, die sich aus Arbeiten der paraibanischen Fotokünstler Assuero Lima, Mano de Carvalho, Marcos Veloso und Ricardo Peixoto zusammensetzt. Sie wird ergänzt durch eine Serie von Ansichtskarten und einen Fotokatalog. Die einzelnen Werke werden auf T-Shirts aufgedruckt, sie stellen Bilder von intensiver visueller Ausdruckskraft dar, die versuchen, die Erfahrungen und die magische Welt von Kindern einzufangen.



Cidadão do Mundo

A fotografia paraibana vive um momento de grande efervescência se destacando com uma produção diversificada de artistas cada vez mais engajados num movimento que vem projetando nossos profissionais no cenário nacional e internacional.

Em toda a sua história, a fotografia tornou-se uma das formas de linguagem mais contemporânea no mundo da mídia, ao cumprir o seu papel de veículo de inquietações, indagações e tal como outras formas de expressão, questiona a realidade nos leva ao conhecimento e consciência.

Se hoje, mais do que nunca, as imagens tornaram-se uma necessidade na constituição da memória, elas representam uma das formas de acumulação de conhecimento humano sobre a natureza e o seu comportamento, determinada pela função de registrar e marcar a passagem dos homens no tempo, no testemunho permanente da nossa própria existência.

Em Novembro de l998, a Agência Ensaio lançou uma importante campanha para o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. O Projeto CIDADÃO DO MUNDO apresenta uma exposição itinerante que reúne trabalhos dos fotógrafos paraibanos, Assuero Lima, Mano de Carvalho, Marcos Veloso e Ricardo Peixoto, acompanhada de uma publicação de Cartões Postais e a Edição de um Catálogo Fotográfico. O material está impresso em Camisetas, apresentando imagens de grande impacto visual em um ensaio fotográfico dedicado ao universo mágico da criança.
Was möchtest Du werden, wenn Du groß bist?

Das ist die Schlüsselfrage, die Erwachsene so oft an ein Kind richten. Doch in dieser Frage verbirgt sich, wie in so vielen anderen auch, ein Mißverständnis, wenn nicht gar eine gedankliche Perversion: der Satz zeugt von einer erwachsenenzentrierten Weltsicht, die das Kind-sein als solches gering achtet. Diese Auffassung der Dinge reduziert ihrem Wesen nach die Kind-heit auf ein Durchgangsstadium, sie ignoriert deren authentisch ontologischen Charakter, sie sieht im Kind naiverweise ein Wesen, das nicht bereits ist, sondern erst im Begriff steht, sich auszubil-den, etwas, das erst kommen wird ... sie betrachtet Kinder als Objekte und nie als Subjekte.

Nun, jedes Kind ist auch ein Mensch, wie der Titel eines Buches der Psychologin Léa Ler-ner sagt. Da dem so ist, besitzt es seine Autonomie, es verdient, geachtet zu werden, es braucht liebevolle Sorge.

Es ist vollständig, fertig, abgeschlossen, wenn auch mit einigen "Lücken" und spezifi-schen noch nicht ausgebildeten Seiten. Es ist ein "noch nicht endgültiger" Mensch, zweifel-los, in gewissem Sinn, doch niemand ist je endgültig "fertig", alle bestehen wir aus Sehnsüchten, Ratlosigkeit, Unverständnis und Erstaunen. Ein Kind ist ein Wesen mit eigener Persönlichkeit, einer besonderen Geschichtlichkeit und einzigartig in vielerlei Hin-sicht. Unter seinen Fähigkeiten finden sich Spontaneität, Wissendurst, Kreati-vität, Freude und Offenheit - alles Kennzeichen der unbestreitbaren Rechte, die das Kind als Bürger hat.

In einem Gedicht, das Bilanz zieht über sein langes Leben, sagt der argentinische Autor Jorge Luis Borges:

"ich würde mehr in meiner Straße umherstreunen, würde noch viele Male die Morgendämmerung betrachten, würde mit mehr Kindern spielen, wenn ich noch einmal dieses Leben vor mir hätte"


Kinder sind Bürger der Welt, vor allem, weil sie der Erwachsenenwelt den Raum des Spiels wiedergeben, diesen lyrischen Raum, das Land der erfinderischen Phantasie, den Bereich, wo Spielerisches und Vorstellungsgabe als poröses Gewebe die fast immer harte Wirklichkeit durchziehen, besonders die brasilianische Wirklichkeit, die Wirklichkeit des Nordostens, mit ihrer hohen Kindersterblichkeitsrate, mit Elend und Hunger ...

Die Kinder sind Bürger dieser Welt, daher muß die Gesellschaft sie als Mitbürger akzeptieren. Dies gilt insbesonders für die Schule und die Familie. Als Bürger dieser Welt hat ein Kind nicht nur das Recht auf Leben, Freiheit und Bildung, auf Kultur, Gesundheit und ein Heim, auf einen Beruf, auf menschliche Würde und Nahrung, sondern es hat auch - und das vor allem - das Recht auf Freizeit, auf Spiele ... Es hat ein Recht auf den Wind, auf Vögel, Flüsse, Wolken, Steine, Tiere, Spielsachen, Feste, auf Sonnen-untergänge und den verzauberten Nebel jedes anbrechenden Morgens. Am Beginn des 3. Jahrtausends muß es möglich sein, daß das Kind seinen eigenen, ihm ange-stammten Platz einnehmen kann, es muß seine eigene Zeit genießen dürfen, un-abhängig von irgendwelchen wirklichkeitsfremden juristischen Verordnungen. Das Kind ist reine Poesie, es ist ein zur Welt hin geöffnetes Wesen, wie es auch die Heiligen, die Lieben-den, die Verrückten und die Künstler sind. Auch wenn man an seine Zukunft denkt, geht es im Wahrheit um seine Gegenwart. Sein a priori ist das Hier und das Jetzt. All das konden-siert sich in den Bildern, im Chiaroscuro der Kinder auf den Fotos, dieser ausgelassenen Bengel, der Dichter der aufwühlenden Visualität, festgehalten von Marcos Veloso, Mano de Carvalho und Ricardo Peixoto, in Aufnahmen, auf denen die Schönheit, das tiefe Wissen und die Wahrheit der Kinder erscheinen.
O que você quer ser quando crescer?

Eis a pergunta chave que o adulto normalmente faz diante de qualquer criança. Mas esta pergunta, assim como muitas outras, esconde o equívoco, ou talvez a perversidade, de uma visão adultocêntrica a respeito do ser- criança. Uma visão que a desloca, de imediato, para um tempo futuro, como se a criança não tivesse um tempo presente. Uma visão que reduz a criança simplesmente a uma etapa da vida, inferiorizando a sua autêntica natureza ontológica, e que a vê, ingenuamente como um ser em preparo, como algo que ainda vai ser...Como um objeto e nunca como um sujeito.

Ora, criança também é gente, diz o título do livro da psicóloga Léa Lerner. E sendo assim, possui sua autonomia, merece respeito, carece de cuidado.

É gente pronta, completa, perfeita, embora com lacunas e carências peculiares a qualquer ser humano. É gente inacabada, sim, mas em certo sentido, assim como inacabada é qualquer pessoa, feita de desejo, perplexidade e espanto. É gente dotada de personalidade própria, de uma particular historicidade e de uma singularidade demarcada pôr múltiplos aspectos. Entre tantos - espontaneidade, curiosidade, criatividade, alegria e abertura... - um deles, sem dúvida, é sua intrínseca cidadania.

Num texto em que sinaliza para um balanço de sua longa vida, diz o poeta argentino, Jorge Luís Borges:

(...) Daria mais voltas na minha rua, contemplaria/ mais amanheceres e brincaria com mais/ crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

A criança é cidadão do mundo principalmente porque ao mundo ela devolve o espaço da brincadeira, o espaço lírico, o país do faz-de-conta, o território em que ludismo e fantasia permeiam o tecido poroso da quase sempre dura realidade, em especial da realidade brasileira, da realidade nordestina, com suas altas taxas de mortalidade infantil, miséria e fome...

A criança é cidadão do mundo, portanto a sociedade deve vê-la como cidadão e devem tratá-la como cidadão principalmente a escola e a família. E como cidadão do mundo, a criança tem direito não somente à vida, à liberdade, à educação, à cultura, à saúde, à moradia, à profissão, à dignidade, à alimentação, mas, fundamentalmente, a criança tem direito ao lazer, direito de brincar... E direito ao vento, aos pássaros, aos rios, às nuvens, às pedras, aos bichos, aos brinquedos, às festas, ao pôr -do- sol e à neblina encantada de todas as manhãs. Na entrada do terceiro milênio, a criança precisa ocupar o seu próprio espaço e usufruir do seu próprio tempo, para além de qualquer estatuto jurídico que idealize. Criança é pura poesia, é ser aberto para o mundo como aberto para o mundo são os santos, os amantes, os loucos e os artistas. E mesmo que se pensa num futuro, é, na verdade, seu presente, que interessa. Seu a priori é o aqui e o agora. Tudo isto as imagens, em claro-escuro, dos meninos- fotógrafos, dos meninos travessos, poetas da mais desconcertante visualidade Ð Marcos Veloso, Mano de Carvalho e Ricardo Peixoto Ð denunciam e confirmam no entreado da beleza, da competência e da verdade.

Hildeberto Barbosa Filho
Poeta e crítico literário paraibano