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OS QUE SE RECUSAM DE MORRER DE FOME ![]() |
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![]() Die sich weigern an Hunger zu sterben ![]() |
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Es wird Morgen im Zeltlager der Bauern "sem-terra". Die stechende Sonne
treibt eine Legion Hungriger aus den Zeltbaracken in einen neuen Tag. Viele
sind krank, aber es gibt weder medizinische Hilfe noch Medikamente, die
Kinder haben keine Schule, die Erwachsenen keine Arbeit. Niemand hat etwas
zu essen. In einigen wenigen Zelten kocht man Wasser in alten Speiseöldosen. So wird Kaffee gemacht, er wird unter den Kindern aufgeteilt. Die Erwachsenen haben vor drei Tagen aufgehört zu essen, daswenige Übriggebliebene reicht nur für die Kinder. Eine halbe Tasse Kaffee für jedes Kind. Mehr nicht. Der Rest des Morgens vergeht schleppend. Die Kinder spielen ohne Fröhlichkeit in der schmutzigen Erde. Das Weinen vertreibt das Kinderlachen. Die Anführer des Lagers beobachten die Straße, in Erwartung von Lebensmittelkörben, die die Regierung versprochenen hat. Zu Mittag gibt es nicht einmal mehr die "quarenta" - die so von den "sem-terra" genannte Polenta aus Maismehl, Wasser und Salz. Das schrille Weinen der hungrigen Kinder schmerzt in den Ohren und Seelen der Väter und Mütter. Am Abend machen die "sem terra" einen kärglichen Brei aus erbetteltem Maniokmehl, aber der Hungerchor geht weiter. In einer Versammlung entscheidet die Gruppe, dass sie nicht länger warten kann. Sie werden rauben. Sie werden ins Gemeindeamt eindringen. Sie werden kämpfen, um nicht zu sterben. Leider ist das keine Fiktion. Das ist ein typisches Szenarium für ein Lager der Bauern "sem-terra". Aus einer solchen Realität stammt auch die Mehrheit der Führer der MST. Sie kämpfen um nicht zu sterben. Trotzdem ist es normal, dass sie von der brasilianischen Justiz wie gefährliche Banditen eingesperrt werden. Solange ihnen der Staat die Bürgerrechte verweigert, verweigert ihnen die Justiz die Freiheit. Sie sind gefährlich, weil sie arm sind. Sie sind unbequem, weil sie ihre eingefallenen Gesichter zeigen, gierig und gewalttätig vom Hunger. Sie festzunehmen ist dasselbe wie zu sagen : "Sterbt leise! Schreit nicht, um die Ordnung derer, die alles haben, nicht zu stören." In Ausübung meines Berufes wurde ich von der Polizei angeschossen und verhaftet. So unglaublich es klingt, nun bin ich als Mitglied der MST angeklagt. Eine der Anschuldigungen ist das Verbrechen der "Bandenbildung". Die gegenwärtige Arbeit ist das Resultat dieser Erfahrung im Lager der MST in Touros, einer Küstenstadt in Rio Grande do Norte. Ich war dort mit der Absicht den Kampf abzubilden, aber es endete schließlich mit viel mehr. Ich fotografierte Mitmenschen. Ich bemerkte, dass ich auf der Suche nach den Seelenbildern dieser Menschen war. Die Freuden und die Schmerzen der Seele hinterlassen Spuren auf den Gesichtern, auf den Händen, am ganzen Körper. Ein Ausdruck, eine Geste, ein Blick, alles ist Widerschein dessen, was im Geist vor sich geht. Die Seele hat unveränderliche Zeichen in den Gesichtern und Körpern der Leute hinterlassen, die kämpfen, die arbeiten, die leiden, die träumen...aber vor allem sich weigern, an Hunger und Respektlosigkeit zu sterben. Von Lenilton Lima Aus dem Portugiesischen von Alexander Tönig ![]() |
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Amanhece no acampamento dos agricultores Sem-Terra. O sol causticante expulsa
das barracas de lona uma legião de famintos que acorda para mais
um dia. Muitos estão doentes mas não existe assistência
médica ou remédios, as crianças não têm
escola, os adultos não têm trabalho. Ninguém tem o que
comer. Em algumas poucas barracas, a água ferve em latas de óleo
comestível. Ali será feito o café que deverá
ser dividido apenas entre as crianças. Os adultos há três
dias pararam de comer porque o pouco alimento que resta só dá
para os filhos. Meia caneca de café para cada criança. Mais
nada. O resto da manhã passa se arrastando. As crianças brincam
sem alegria na terra poeirenta. O choro abortando os sorrisos. Os líderes
do acampamento olham a estrada a espera de algumas cestas de alimento prometidas
pelo governo. Na hora do almoço nem tem mais a "quarentaÓ Ñ Nome
dado pelos Sem-Terra à polenta feita apenas com fubá de milho,
água e sal. O choro estridente das crianças famintas fere
os ouvidos e a alma dos pais e mães de família. À noite,
os Sem-Terra fazem uma papa rala com um pouco de farinha de mandioca conseguida
através de esmolas, mas o coral da fome continua. Numa reunião
o grupo decide que não dá mais para esperar. Vão saquear.
Vão invadir a prefeitura. Vão lutar para não morrer.
Infelizmente isso não é ficção. Este é
um cenário típico de um acampamento de agricultores Sem-Terra.
Foi de uma realidade assim que surgiu a maioria absoluta das lideranças
do MST. Eles lutam para não morrer. Contudo, é comum serem
enviados para a prisão pela Justiça brasileira como bandidos
perigosos. Enquanto o Estado lhes nega a cidadania, a Justiça lhes
nega a liberdade. São perigosos porque são pobres. Incomodam
porque mostram a cara cadavérica, voraz e violenta da fome. Prendê-los
é o mesmo que dizer: "Morram quietos! não gritem para não
incomodar a ordem dos que têm tudo.Ó Suas alegrias. No exercício
da minha profissão, cheguei a ser baleado e preso pela polícia.
Por incrível que pareça, estou sendo processado como integrante
do MST. Uma das acusações é o crime de "formação
de quadrilhaÓ. O presente trabalho é o resultado dessa experiência
no acampamento do MST em Touros, cidade litorânea do Rio Grande do
Norte. Fui lá com o objetivo de retratar a luta, mas acabei fazendo
muito mais do que isso. Fotografei seres humanos. Percebi que estava buscando
retratos da alma daquela gente. As alegrias e as dores da alma deixam marcas
nos rostos, nas mãos, no corpo inteiro. As expressões, um
gesto, um olhar, tudo é reflexo do que vai no espírito. A
alma fez desenhos irretocáveis nas faces e nos corpos dessas pessoas,
que lutam, que trabalham, que sofrem, que sonham... Mas principalmente que
se recusam a morrer de fome e de desrespeito. Por Lenilton Lima ![]() |